AMOR PAGO A rua está vazia, Corre um rato ao esgoto, Corre uma mulher vadia, Com seu andar torto Enche a rua de fumaça E a luz se esvoaça. Nas casas imundas Bem cantam as corujas Para ninar as vagabundas.
A rua está cheia, Corre a aranha à teia, Uma tenta um trago No fino branco que trago E fala um verbo bêbado. Oferece amor bandido Que nem brisa nem fado Pode ninar com afago Pelo que pago.
Cheia ou vazia, a rua, Sinto um cheiro viajando, Sinto bêbados se amando, Sinto uma mulher nua Que mingua um afeto E, mesmo que chore amor, Será apenas mais um teto Em que se pagou uma flor Murcha e sem matiz, Fazendo o que nunca se quis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário